Entre aviões, a estrela, salas de espera (de aeroportos e de consultórios médicos), risos, abraços e muita conversa, consegui ler este pequeno livro do Garcia Márquez.
29 de fev. de 2008
Memória das minhas putas tristes
Entre aviões, a estrela, salas de espera (de aeroportos e de consultórios médicos), risos, abraços e muita conversa, consegui ler este pequeno livro do Garcia Márquez.
16 de fev. de 2008
O livro é pequenino e deveria ser fácil descrever aqui a história. Mas é que não é mesmo nada fácil! Na verdade, aquilo de que me apetece falar é sobre a quantidade enorme de «palavras difíceis». Para ler o livro tive que ter o dicionário (priberam.pt) à frente e ir escrevendo o que as palavras significavam. Isso significa que a leitura não foi fluida. Agora que as «palavras difíceis» estão traduzidas a lápis, no próprio livro, terei que o reler.
Deixo algumas das palavras mais interessantes:
- ERUCTAÇÃO: arroto
- PAPARRETA: homem pretensioso e sem mérito
- SARDANAPALESCO: efeminado
- MOXINIFADA: miscelânea
- BABUGEM: espuma da superfície da água
- BIGODEAR: escarnecer
- PUDIBUNDO: envergonhado, com pudor
15 de fev. de 2008
ONDE É QUE UM LIVRO NOS LEVA
13 de fev. de 2008
Inés da minha alma
"Inés Suarez - (1507-1580) Espanhola, nascida em Plasencia, viajou para o Novo Mundo em 1537, onde participou na conquista do Chile e na fundação da cidade de Santiago. Teve grande influência política e poder económico. (...) narro os acontecimentos tal como foram documentados. Limitei-me a interligá-los através de um exercício mínimo de imaginação. Esta é uma obra de intuição, mas qualquer semelhança com acontecimentos e personagens da conquista do Chile não é casual. (...)" - Isabel Allende
Como em todos os livro que li da Isabel Allende neste voltei a ficar vidrada do princípio ao fim. Ainda mais existindo neste a vertente histórica.
Gosto de ler livros em que aprendo e este foi um desses. Fiquei a saber muito mais sobre a colonização dos espanhóis na América do Sul.
Do livro realço dois excertos que, por concordar imensamente com o conteúdo, quero deixar aqui:
1. "A primeira vez que decidi castigá-lo com o silêncio, Pedro agarrou-me a cara entre as mãos, cravou os seus olhos azuis nos meus e obrigou-me a confessar o que me aborrecia. «Não sou adivinho, Inés. Podemos simplificar as coisas se me disseres o que queres de mim», insistiu." [Acho incrível como as mulheres têm a má ideia de fazer o que Inés fez com Pedro aqui - não é tudo mais simples se for explicado? Os homens não têm o nosso sexto sentido para entender certas coisas, por isso, para quê tentar?...:)]
2. "Nessa época, rezava muito, levava a Nossa Senhora do Socorro para o jardim (...) e eu contava-lhe as minhas angústias. Ela fez-me ver que o coração é como uma caixa, se estiver ocupado com porcarias, falta espaço para as outras coisas. Não podia amar Rodrigo e a sua filha se tivesse o coração cheio de amargura (...)." [Há coisas óbvias que nem sempre se conseguem verbalizar, mas aqui está um óptimo exemplo!]
10 de fev. de 2008
Essa agora!
Na altura, aquando da minha primeira visita a Newcastle, estava longe de saber que um dia viria morar para aqui - no mesmo sítio onde o nosso querido Eça de Queirós foi Cônsul de Portugal.
Porque hoje passei lá e porque ainda há poucos dias falei do Eça, aqui fica a homenagem geordie:
5 de fev. de 2008
Eça Agora
A reinvenção das personagens de Eça de Queiroz numa história alucinante dos autores de O Código d`Avintes.
Eça Agora.
Quando vi o título a minha primeira interpretação foi a expressão "essa agora", mas depois, com a ajuda do prólogo vi a segunda interpretação: Eça Agora, Eça nos dias que correm - Os Maias do século XXI.
Os 7 escritores do Código d'Avintes (Mário Zambujal, Luísa Beltrão, José Jorge Letria, Alice Vieira, João Aguiar, José Fanha e Rosa Lobato Faria) atreveram-se a reescrever Os Maias mas tendo como personagens a actual sociedade portuguesa.
A história tem linhas semelhantes, o mesmo tipo de amores, peripécias, problemas, etc, mas o fim é inovador - será que o Eça perdoa esta? :)
Após o primeiro capítulo achei que a escrita estava bem aquém do que eu esperava, mas nos capítulos seguintes deixei-me conquistar da mesma forma que Os Maias originais me conquistaram!
Devorei este Eça Agora praticamente da mesma forma que devorei Os Maias (naquela altura tinha mais tempo livre para ler...).
Deliciei-me quase da mesma maneira - não tanto, claro, porque o Eça é o Eça e a escrita dele encanta-me!
Lembro-me que quando li Os Maias, passava imenso tempo a verificar as imensas possibilidades de ler uma frase, pois com tanto uso da vírgula, as frases tinham tanta forma de ser lidas!
Foi com o Eça que aprendi a dar melhor uso às vírgulas!
Os Maias foram leitura obrigatória do 10º ano.
Não sei porquê, mas deixei até à última para começar a ler. Fi-lo somente quando a professora disse "daqui a 2 semanas começamos Os Maias". Os meus colegas já tinham começado a ler o livro há meses e alguns estavam quase a acabá-lo. Pensei que ia ser complicado terminar de o ler a tempo para as aulas de português, mas foi só começar para perceber que não ia custar nada lê-lo! O que custava era ter de esperar por um tempo livre para aproveitar para ler! Recordo também que fui acampar com o meu agrupamento de escuteiros e que toda gente me gozava por andar com Os Maias atrás!
Recordo-me que adorei.
Gostei de recordar o Eça agora. :)
A ARTE DA GUERRA
3 de fev. de 2008
2 de fev. de 2008
A Revoada
Revoada é um bando de pássaros que passam a voar rapidamente. Mas em sentido figurado é também uma oportunidade. Neste caso, é uma das obras do meu autor favorito, Gabriel García Márquez. As histórias que ele conta (incluindo «Amor em Tempo de Cólera», que lhe deu o Prémio Nobel em 1982) têm sempre a sua família como personagens. Se lerem «Viver para Contá-la», uma autobiografia, percebem que a vivência da família numerosa (irmãos dos mesmos pais, irmãos de casos anteriores do pai, avós, tias, empregadas) faz parte da vida real e imaginária dele. Há vezes em que o que ele está a contar uma qualquer cena, e já não sabe se aquilo foi o que realmente aconteceu ou se foi como ele imaginou.
Na Revoada, a personagem do «Doutor» enforcou-se. Porque há muitos anos se recusou a ajudar pessoas da aldeia que estavam feridas, estas agora recusam-se a fazer-lhe um funeral. Excepto o coronel, avô do autor, que prometeu ao «Doutor» que lhe poria terra em cima. O avô não quer, contudo, confrontar-se com este desconforto de passar com o corpo pelo meio da aldeia, sozinho. Por isso diz à filha que tem que ir com ele. E a filha, que não quer sentir esse desconforto, leva o filho (o autor). A mesma história é contada pela boca dos 3. Se querem começar a entrar no universo do Gabito, podem começar por esta obra.
1 de fev. de 2008
MANIFESTO PARTIDO COMUNISTA vs MINHA LUTA
Toda a leitura que tenha sido marcante de algum modo para a história da humanidade é imprescindível - tenha sido a sua contribuição de avanço ou de recuo; e se bem que já tivesse lido estes dois volumes, reli-os agora comparativamente, em confronto de gigantes.
Não foi com um assomar de interesse nem redobrada curiosidade, foi por um querer refrescar a memória que me sujeitei novamente a esta batalha de ideologias e de verborreia social, analítica e revolucionária (ambos os livros são completa e abertamente anti-reaccionários).
Estes dois livros são seminais para o entendimento tanto do nacional socialismo como do comunismo e socialismo (marxismo) e serviram de base dogmática e ideológica para os episódios mais negros da história da humanidade (vide século XX, Estaline + Hitler + Mao Zedong) e são tão mais necessários para conhecer o inimigo e assim melhor nos protegermos dele(s).
Mein Kampf - Minha luta possui, nas primeiras páginas, um interessante relato social e político, incidindo sobre Linz e Vienna e posteriormente sobre Munich e o Império Alemão. Este relato até é bastante lúcido e abrangente, mas encaminha-se nas páginas seguintes para conclusões precipitadas e erradas, para uma virulenta xenofobia e um populismo panfletário assustador.
O Manifesto do PC introduz-nos nos princípios basilares da luta de classes, da comuna e do colectivismo, tudo princípios interessantes até chegarmos ao apelo último da destruição completa da classe burguesa - o caminho aqui revelado seria o da revolução pela substituição duma classe por outra, e esta, seria sempre feita pelo sangue e pela luta.
Ambos se fabricam a partir de preocupações sociais e primam pelo registo interessante de uma época própria, mas apelam não à temperança, não ao diálogo, não ao humanismo, não à compreensão; materializam-se sim em ódio exacerbado para as massas. Ambos são panfletários e populistas, saltam deles imensas falhas a ser rebatidas e são parentes na agressividade e nas suas conclusões.
Estas leituras são fundamentais, o Manifesto devora-se numa hora, já o Minha Luta é massudo e torna-se bastante desinteressante e repetitivo - mas as conclusões são necessárias!