29 de jun. de 2009

FADO TONIGHT




Poucos filmes me mostraram tanto de Lisboa - da minha já agora e ainda não o sabia antes, querida Lisboa - como a curta Fado Tonight deste jovem realizador nascido e crescido no característico bairro da Graça, por onde também já passei os dias e descansei as noites. Por ser lisboeta de gema e perambular pelos bairros da baixa e pelas ruelas e largos do Castelo e de Alfama o Henrique conseguiu captar em filme a essência castiça da cidade como poucos ou nenhuns antes dele (Pêra divaga e injecta-lhe videoart a rodos mostrando Lisboa em videoclip - César Monteiro é demasiado o retrato de César Monteiro e de João de Deus, Pedro Costa não relaxa sobre o feio e Cotinelli vai já lá muito rebuscar à memória).

Lisboa ainda é como em Fado Tonight, Alfama, Graça, Mouraria e Marvila ainda são assim, inocentes e pitorescos, honestos e emotivos, capazes de ceder apaixonados e de se verem enleados pelos seus becos em beijo húmido cantado a fado - ironicamente o título recorda que Alfama e o Bairro Alto e também em menor escala a Bica, estão pejados de sítios caracterizados para estrangeiro.

Fado Tonight conta como um cantoneiro se apaixona por uma fadista e ao ver-se trocado por um guitarrista, afunda-se na bebida para ser felizmente salvo por uma rapariga que trabalha num restaurante que deseja ser fadista - sofrível - mas que se apaixona por ele. O final é feliz e mesmo que a história pareça simples, ela é de facto lisboa!

O filme é uma banda sonora constante em que as falas são mínimas e os gestos são mais esclarecedores - recordando-me Mário Viegas, discorrendo Deolinda, Naifa, Marceneiro, Madredeus e Fado por todos os poros das calçadas que percorre e das tabernas que lhe servem de mote, como o Jaime da Graça, a Ginginha de Alfama e a Baiuca.

Belíssimo e a alma daqui. Uma história de amor que se serve destas ruas como postal cheio de gente e de fado e apesar de bem jovem, Henrique Barroso filma e mostra Lisboa como gente grande.

Visto no CineLençol do MAL em pleno miradouro da Graça : http://movimentoacordalisboa.com
Contactem a produtora para terem mais do que o trailer : http://www.uzifilmes.com
Trailer
http://www.youtube.com/watch?v=ItMRqWOI3iY

Nota : grafa-se Fado quando se refere o género e deixa de se capitular a palavra quando o assunto é destino e saudade.

12 de jun. de 2009

Movimentos Perpétuos


Um tributo a Carlos Paredes de Edgar Pêra.
As guitarradas até me arrepiaram.
As imagens de Coimbra, saboreei-as.
A sinopse encontram-na aqui.
A música, aqui.
Assistido no Instituto Camões em Hamburgo, na companhia de gente conhecida, lusa e não só! Ah! E não faltou o Porto e os Pastéis de Nata, claro!
Foi assim, o meu serão, no dia 10 de Junho, dia de Camões.

Jarabe de Palo


Mais um concerto na cidade de Hamburgo, como não poderia deixar de ser, na Fabrik. Jarabedepalo é uma banda de rock latina, formada em Barcelona no ano de 1997.
A minha amiga colombiana desafiou-me a assistir ao concerto da banda dela preferida, nos tempos em que ainda vivia em Bogotá, e eu não pude resistir. Afinal, eram sonoridades familiares (cantam em espanhol) e isso não é de deixar escapar aqui em Hamburgo.
Dançámos e dançámos que nos fartámos! Há muito que não saltava assim. Muito bom! E acompanhada por pessoas muito especiais. O que se há-de querer mais na vida ;)?
Aqui fica uma das suas músicas, "Grita".

11 de jun. de 2009

Octopus "in love"

Acho que este vídeo é uma "mini-curta" bem engraçada e que vale a pena partilhar.

Não sei o nome original (talvez "Oktapodi") por isso intitulei-a "Octopus in love", pois o Amor pode ser assim perseverante :)

First steps

Aqui fica mais um vídeo para nos lembrar dos deveres "amigos" do ambiente :)

9 de jun. de 2009

Earth is breathing - Greenpeace

Quando ouvi a Deniblog ler um texto sobre a respiração da Terra, lembrei-me deste vídeo que há uns tempos me chegou por mail e que agora partilho.

Ouvir Deniblog aqui: http://rabiscosegaratujas.blogspot.com/2009/06/para-o-andre_09.html

7 de jun. de 2009

O Grito da Gaivota


Foi neste livro que encontrei por escrito sensações e sentimentos em relação à língua alemã. Quer dizer, não é propriamente em relação ao alemão, em si... Agora o entendo. É em relação a qualquer língua que não se saiba, não se domine.

Emmanuelle escreve:

"As pessoas dizem-me: "Fala, fala, nós compreendemos", mas de momento sei que não é assim, a não ser no seio da família."

"À saída sentimos uma exigente necessidade de recuperar. A necessidade de estarmos juntos, de falar entre nós. De recuperar não só tempo perdido durante o dia com os que ouvem, mas a nossa língua, a nossa identidade."

"Não precisar de me estafar na tentativa de falar oralmente. Reencontrar as mãos, o à-vontade, os gestos que voam, que falam sem esforço, sem constrangimento. Os movimentos do corpo, a expressão dos olhos, que falam. De súbito desaparecem as frustrações."

É isto mesmo! A comunicação é o veículo para a integração de alguém em qualquer ambiente. Tanta vez senti isto e nunca o soube "escrever". Diziam-me: "o teu problema é que em casa falas português..."; "ah... o teu problema é que não te esforças...".
Por tantas vezes queria simplesmente engoli-los, os que me diziam coisas destas! O problema... Para quem desde o primeiro dia que pôs os pés nesta terra ainda não parou de ter aulas de alemão, para quem deixa de falar em inglês com quem também o fala para poder treinar o alemão, para quem acha a língua alemã desagradável ao ouvido, para quem foi obrigado a aprender a língua para poder abrir algumas portas na sua vida, para quem escolheu engenharia porque não tinha jeito para línguas, é... Simplesmente sentir que é uma barreira, o não conseguir-se comunicar para voltar a estabelecer laços afectivos, de que tanto precisa, para viver como ser humano.
Mas isto, essa fase da minha vida, agora já passou! ;)

Emmanuelle é surda. E ao ler o seu livro percebi o significado de se ser surdo. Emmanuelle explica: "O termo "surda-muda" continua a espantar-me. Mudo significa que não se tem o dom da palavra. As pessoas vêem-me como alguém que não utiliza a palavra. É absurdo! Eu uso. Tanto com as mãos como com a boca. Faço gestos e falo francês. Utilizar a língua gestual não significa que se seja mudo. Posso falar, gritar, rir, chorar, são sons que me saem da garganta. Não me cortaram a língua! Tenho uma voz esquisita, mais nada."
Comunicação.
Os surdos, simplesmente são bilíngues (aqueles que tem a sorte de aprender as duas línguas): a língua gestual que utilizam para comunicar sem sons, e a língua do país onde nasceram para poderem ler e escrever. São fantásticos! Eu considero que falo bem inglês. Mas não posso dizer que sou bilíngue!
O livro é delicioso de se ler. Dá-nos uma noção do que é ter-se nascido surdo e que obstáculos têm de ultrapassar no "nosso mundo", o mundo dos ouvintes.