1 de fev. de 2009

ÓDIO



O ódio é um conceito bem humano tramado - não é inato, vai sendo acumulado e burilado conforme aquilo que nos alimentam como razões de o conservar. Assim como nos subúrbios de Paris o ódio é bem presente e vai sendo nutrido por força das discrepâncias sociais e a diferenciação racial de anos. Os banlieu são recorrentes em demonstrações que nada devem à resistência pacífica mas sim à militância agressiva.

O preto & branco neste filme de Kassovitz - desse grande Kassovitz - não é mera opção estética, é o afirmar preto no branco dos contrastes que permanecem na sociedade francesa, que não é mais do que um reflexo da sociedade contemporânea. A preto e branco o ódio é o que é e a não sujeição do ser humano discriminado perante o discriminador é sombreado a golpes de fuga e de resistência desesperada.

O filme inicia-se no meio de turbulentas revoltas que resultaram na vandalização de uma esquadra de polícia bem implantada num desses subúrbios da cidade luz. Três amigos bem distintos - e que cobrem todo o espectro das minorias ostracizadas francesas - vivem os dias entre pequenos roubos que significam apenas libertação e luta contra o regime, traficantes de bairro e a repressão policial, detonada pelo ataque à esquadra. Esta é uma peça fundamental na compreensão do sistema de castas francês e a cena final absolutamente surpreendente e um resumo de tudo. A ver - já.

Visto por parciais em casa da Bica.

Link | www.imdb.com/title/tt0113247

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