12 de ago. de 2008

MÁSCARAS

Masken (no original alemão) :: http://www.imdb.com/title/tt0411633 :: é mais uma curta do realizador conimbricense Eduardo Condorcet incluído no Dogma 95, linha dogmática postulada por Lars von Trier e Thomas Vinterberg e que segue assim :

1. As filmagens devem ser feitas no exterior. Não podem ser usados acessórios ou cenografia (se a trama requer um acessório particular, deve-se escolher um ambiente externo onde ele se encontre).

2. O som não deve jamais ser produzido separadamente da imagem ou vice-versa. (A música não poderá ser utilizada a menos que ressoe no local onde se filma a cena).

3. A câmara deve ser usada na mão. São consentidos todos os movimentos - ou a imobilidade - devidos aos movimentos do corpo. (O filme não deve ser feito onde a câmara está colocada; são as filmagens que devem desenvolver-se onde o filme tem lugar).

4. O filme deve ser a cores. Não se aceita nenhuma iluminação especial. (Se há muito pouca luz, a cena deve ser cortada, ou então, pode-se colocar uma única lâmpada sobre a câmara).

5. São proibidos os truques fotográficos e filtros.

6. O filme não deve conter nenhuma acção "superficial". (Homicídios, Armas, etc. não podem ocorrer).

7. São vetados os deslocamentos temporais ou geográficos. (Isto significa que o filme se desenvolve em tempo real).

8. São inaceitáveis os filmes de género.

9. O filme deve ser em 35 mm, padrão.

10. O nome do director não deve figurar nos créditos.

Deixo para depois o enquadramento no Dogma 95 de todas as curtas deste realizador que são rotuladas como seguindo esses cânones - das 6 que os seguem vi 4.

Máscaras é a afirmação de que todos carregamos uma máscara - invariavelmente - mas também a percepção de que é esse esconder constante das nossas reais ambições que nos achincalha. Mesmo o mais suave esconderijo privado é uma camuflagem que usamos e carregamos neste teatro da vida. É na ténue resistência a um olhar mais profundo, a um deixar cair a máscara completamente que reside um quotidiano de que nem todos temos a consciência de ser castrador.

A consciência alargada, um acumular de constrangimento, uma angústia pesada, vai crescendo vai crescendo, cresce, até implodir até explodir. A personagem central do filme segue esse caminho acumulativo até à explosão final em que expõe tudo o que foi guardando enquanto homem amargurado. O ensinamento a tirar disto tudo é que as vidas não poderão voltar a ser as mesmas, para o pior ou melhor, seja isso o que for na cabeça de quem lhe fizer sentença - mas que a catarse de Ralf foi a necessário isso sim, é inquestionável.

Neste sólido filme de alcova colado ao Dogma destacam-se as interpretações extremamente credíveis e apetece-me dizer que as máscaras sobrevêm e não tão só no Carnaval.

Filme visto em deleite de tarde de casa - o meu sofá é o melhor cinema num Domingo ao crepúsculo de Lisboa.

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