Magnífico filme de Ang Lee - um dos três da sua fase de Taiwan, antes da aclamação com Brokeback Mountain, e que o revelou um realizador detentor duma irregularidade bastante curiosa, no meu entender.
A sequência inicial em que o protagonista prepara o jantar de Domingo é encantatória - Chu esmera-se na cozinha pois é a forma que tem de comunicar com as suas três filhas, e é pelo detalhe da confecção, pelo esmero que tem na cuidada mistura dos ingredientes e na obtenção do sabor perfeito dos seus elaborados cozinhados tradicionais chineses que ele (mestre cozinheiro semi-aposentado) lhes tenta chegar.
Os jantares de Domingo são um ritual a que as filhas tentam silenciosamente escapar - ele, viúvo e com o seu mais necessário sentido desaparecendo, o paladar. Elas, três irmãs tão diferentes entre si no que fazem em vida mas tão idênticas no que buscam - o amor. O pai lentamente se vai aproximando delas à força de garfadas de vida enquanto que para cada uma delas a composição do prato do amor se prepara com resultados bem distintos, ora em excesso de tempero, ora em perfeição para o palato, ora agridoce ou insonso e talvez ainda bem amargo.
Os filmes que nos conquistam pela boca, os filmes que no enchem os olhos, os filmes que vivem de afeições de sabores, de cozinha, de tachos e panelas e dedicações às papilas gustativas. Lembrei-me agora assim de repente de Chocolate e do Como Água para Chocolate, filmes desde livros onde é o paladar (e o olfacto e a visão e até o tacto - que os sentidos dançam todos em proveito do estômago) o centro do prazer. Ou ainda, lembrei-me agora, do truculento O Cozinheiro, o Ladrão, a Sua Mulher e o Amante Desta. A vida é um prato - há que a saborear demorada e prontamente. Ou engasgarmo-nos no processo.
Visto na Flores Sessions , Lx
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Um comentário:
Fiquei curiosa p ver este filme! Nao sei se pela parte da comida ou pela parte das 3 irmãs :)
bjnhs
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