21 de mai. de 2008

Máscaras de Salazar


Este livro, veio parar-me às mãos na minha última visita a Portugal, emprestado. Trouxe portanto a mala cheia de livros e muitos deles nem sequer sei do que tratam... Vão ser surpresas para desvendar com o tempo.

Quando me mudei para a Alemanha, quis saber mais sobre o país que me acolhia. E assim fiz, pesquisei, li, e tirei algumas conclusões.

Sobre Portugal, julgava eu saber já bastantes coisas. As notícias da actualidade portuguesa sempre as acompanhei, diariamente, on-line. Mas, e sobre o passado? Um dia, olhei para a minha prateleira de "livros emprestados" e decidi que começaria a ler o livro de que hoje vos falo.

Foram 40 anos de regime Salazarista. Este homem existiu na nossa história, dos portugueses, não o podemos ignorar. Que herança nos deixou este homem? Que influências teve Salazar no Portugal de hoje? Que influência teve nos "filhos do pós 25 de Abril"?

Safou-nos da Segunda Guerra Mundial (com os seus jogos de poder) - "Eu da fome não livro os portugueses, mas da guerra livro", dizia Salazar. Mas não nos privou da Guerra Colonial nem de outros caminhos obscuros por onde nos fez passar: censura, prisões, desaparecimentos, tortura, marginalização e exílio de intelectuais, cientistas, políticos, sacerdotes, militares,...

"Tinha um prazer secreto em afirmar o contrário do que sentia – até o sentir. Era assim com o poder: sempre o negou e sempre o perseguiu; com a humildade: sempre a reivindicou e sempre lhe foi orgulhoso; com os delfins: sempre os incentivou e sempre os tolheu; com os amigos: sempre os paternalizou e sempre os distanciou; com os sentimentos: sempre os desejou e sempre os amputou."

(...)

"Quase tudo em Salazar é secreto, misterioso, insinuado – jogos de espelhos levam para o exterior projecções de si como se não tivesse existência humana, porque a tinha divina.

Olhares de lamina afloram-lhe o rosto ao saber que lhe chamam ditador, monstro, espantalho, devasso; ou santo, pai, sábio, mártir."

Fernando Dacosta in Máscaras de Salazar

Um livro a ler para reflectir.

Nenhum comentário: