13 de jun. de 2008

FLASH + INOPORTUNO + SINAIS




Apresento 3 curtas de Carlos Pedro Santana, jovem promessa da realização portuguesa; 3 trabalhos - seus ou em regime co-autoral :

FLASH


Com 'a ajuda dos amigos' , num hilariante intróito que abre esta curta, Carlos Pedro Santana filma uma cena de quotidiano interior que nos chega como a filmagem do monótono, da bonomia e da rotina de dentro de casa que poderia anunciar um filme desinteressante logo à partida - tempo perdido, tempo partido. Mas depois surge a surpresa em dois twists sucessivos que vão preenchendo os espaços que ainda não compreendíamos - e tudo vai evoluindo com o aparecimento de flashback.

Surgem aqui os temas do suícidio, da morte, do sexo, tudo enrolado em vista de comprometimento - a mulher e o homem treinam inicialmente todos os clichés de 'como levar uma mulher para a cama' e para Libby, o elemento feminino, a sua perda e do outro é revelada no final de maneira trágica.


INOPORTUNO


Inoportuno é uma curta violenta em que o único a sair ileso é o assassino de facto – todos os restantes matam e violam ou morrem por engano, castigo ou encomenda num pequeno cubículo sanitário de um qualquer espaço que não identificamos (pode ser de uma estação de comboios, de um centro comercial, uma qualquer casa de banho masculina de um parque de uma cidade que também não nos é dado a conhecer).

Matar alguém não é também violar-lhe o corpo e tirar-lhe algo de volta? A intromissão da faca aqui, em penetração de epiderme, é o resto da violação que ficou por consumar e que terminou castigada – da pior maneira possível – com a morte do violador.

A câmara viaja por entre os corpos, em traveling incómodo, levando-nos a entrar ainda mais dentro da cena e a reflectir ao quão descontrolada pode uma casualidade chegar - fatalidades!


SINAIS

Sinais é realizado em co-autoria com André Santos e filma uma cena banal de dia a dia de todos os dias entre dois casais com atitude oposta em relação aos parceiros - enquanto o elemento masculino grita fazendo-se ouvir num dos casais, no outro par o silêncio é castrador. Até que o primeiro cruzar num semáforo leva a troca de olhares entre o elemento masculino do casal calado e o feminino agredido do outro - terminando como previsível: novo encontro e começo.

Esta curta serve-nos um argumento que até é bastante desinteressante - nem boa ideia é, é uma ideia risível - complementando-o de muitas e boas ideias: o granulado do filme, a ausência do som ambiente, a intencional quebra de certas passagens como se fora cartoon (parece-me um trabalho académico). Demontra boas soluções e é bastante criativo também no genérico que me lembra um qualquer filme de Spike Lee de que não me lembro o nome.. Short Bus?

Site realizador: http://www.carlospedrosantana.com/
e onde se assiste ainda a outra curta realizada em co-autoria com Francisco Antunez


Epílogo :: em resposta ao desafio 161 :

Este livro a que cheguei, este meu livro mais perto de mim, este a que cheguei depois do desafio colocado, este volume aqui ali abandonado, este amontoado alinhavado de palavras aqui já à mão de semear, este livro, este livro... não tem 161 páginas, tem 124!

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