Este filme de Daniele Luchetti tem as mesmas preocupações de La Meglio Gioventù - ou seja, preocupa-se em contar a história recente de Itália associando-a a quem a construiu e viveu, os seus próprios cidadãos, os próprios italianos. Todos os temores presentes no crescimento estão aqui de lado a lado com as ideologias políticas e a luta social do pós-guerra na bota itálica. O fascismo e o comunismo, o socialismo e o terrorismo das Brigate Rosse e os irredutíveis fascistas das Camisas Negras surgem lado a lado e mesmo como combustível para a afirmação adulta de Accio e diferentes crenças políticas deste em relação a toda a família marcam-no como filho único - nem melhor nem pior como pessoa por apoiar inicialmente a doutrina fascista, nem como instável por mais tarde se aproximar ao ideário comunista. Ele é representativo da descoberta da juventude - essa melhor juventude que vai residindo nas memórias - cheio de erros, gritos, omissões, verdades, avanços e recuos.
O triângulo amoroso e político com o seu irmão e a namorada deste é um dos aspectos mais do seu avanço como homem que procura respostas e não as vai encontrando facilmente. Se é um filho único não deixa de ser irmão, e se combate dentro da própria família pela sua afirmação e daí para fora, para o mundo não é por isso que o afastam. O título - impecável - surge mais na própria incompreensão de Accio sobre si.
As interpretações são arrebatadoras e tudo no filme é magnífico, existe algo de profundamente enternecedor e novelístico nesta partilha da vivência com uma qualquer família italiana. Não fomos somos seremos assim também?
* Filme visto no Cinema King, LX, em excelente companhia de mim contigo.
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