Fazer terapia com o passado distante e partilhá-lo - ora aqui está como fria e cruamente definiria este belíssimo trabalho de animação por Ari Folman que andou no ano passado chocalhando inúmeros festivais de cinema pelo mundo afora.
Mais candidamente chamaria Waltz with Bashir terapia mas mais ainda como prodígio visual e monumento à paciência técnica que a mim, como amante incondicional da arte da animação, me fazem considerar este filme um portento do género. 4 anos de trabalho divididos por filmagens e entrevistas on set com personagens reais seguidos por pós-produção e esquematização em storyboards finalizados com desenho momento a momento e com animação frame a frame. Extraordinário. Só me faz apetecer rever Waking Life e Scanner Darkly e Coolworld.
Se de si a técnica é irrepreensível e recomendável sem mácula já o objecto do filme é a pasta para o molho neste cozinhado em perfeição. A experiência como soldado israelita durante os conturbados massacres nos campos de refugiados de Sabra e de Shatila durante a Guerra do Líbano de 82 - na qual Israel deixou cair completamente a máscara de nação insuficiente e se revelou como uma potência regional. Longe de fazer objecções políticas ou sequer de questionar quaisquer questões de ingerência ou abuso ou ainda recusando tomar partidos em profundidade, o filme serve como consulta ao passado que se teria encapotado e que surge após contacto com amigo que foi também combatente no mesmo cenário.
A consciência de Ari é despertada lentamente e relatam-se os episódios da guerra que vão reaparecendo agressiva e finalmente em contacto com companheiros da época ou em visões de deja vu. O que nos chega é um retrato da época - contaminado claro pela visão partir do olhar (e olhares) de um adolescente de 19 anos israelita, mas não engajado - um diário de guerra em pesquisa de retrocesso de vida. Vejam - aprendam e questionem. E amem como eu amo.
Visto no Monumental, acompanhado do MAL
Link 1 | http://www.imdb.com/title/tt1185616
Mais candidamente chamaria Waltz with Bashir terapia mas mais ainda como prodígio visual e monumento à paciência técnica que a mim, como amante incondicional da arte da animação, me fazem considerar este filme um portento do género. 4 anos de trabalho divididos por filmagens e entrevistas on set com personagens reais seguidos por pós-produção e esquematização em storyboards finalizados com desenho momento a momento e com animação frame a frame. Extraordinário. Só me faz apetecer rever Waking Life e Scanner Darkly e Coolworld.
Se de si a técnica é irrepreensível e recomendável sem mácula já o objecto do filme é a pasta para o molho neste cozinhado em perfeição. A experiência como soldado israelita durante os conturbados massacres nos campos de refugiados de Sabra e de Shatila durante a Guerra do Líbano de 82 - na qual Israel deixou cair completamente a máscara de nação insuficiente e se revelou como uma potência regional. Longe de fazer objecções políticas ou sequer de questionar quaisquer questões de ingerência ou abuso ou ainda recusando tomar partidos em profundidade, o filme serve como consulta ao passado que se teria encapotado e que surge após contacto com amigo que foi também combatente no mesmo cenário.
A consciência de Ari é despertada lentamente e relatam-se os episódios da guerra que vão reaparecendo agressiva e finalmente em contacto com companheiros da época ou em visões de deja vu. O que nos chega é um retrato da época - contaminado claro pela visão partir do olhar (e olhares) de um adolescente de 19 anos israelita, mas não engajado - um diário de guerra em pesquisa de retrocesso de vida. Vejam - aprendam e questionem. E amem como eu amo.
Visto no Monumental, acompanhado do MAL
Link 1 | http://www.imdb.com/title/tt1185616
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