15 de fev. de 2010

ACONTECEU NO OESTE


















Ao encerrar a Trilogia do Homem Sem Nome e tendo o projecto de Aconteceu na América  (seria realizado somente em 1984, com o título original de Once Upon a Time in America) em carteira, foi Leone convencido pelos estúdios a  produzir mais uns títulos dentro do género Spaghetti Western, agora aclamados nos Estados Unidos. Com aquele título em mente, decidiu o realizador produzir mais uma trilogia em que o Aconteceu na América seria o corolário cronológico e último tomo da série. 

Já com o orçamento multiplicado em relação aos filmes anteriores, surgiu este primeiro C'era una volta il West (1968), seguido pelo Giù la testa (Aguenta-te Canalha, 1971) e o Once Upon a Time... já referido, intercalado por um Il mio nome è Nessuno (1973) que não se inclui nesta trilogia dedicada à América. 

Tal como no O Bom, o mau e o vilão anterior, neste filme surgem três personagens em disputa que são contrabalançadas pela presença de uma mulher (a lindíssima Claudia Cardinale). Charles Bronson toma o lugar de Clint Eastwood como o homem bom e sem nome (é chamado de Harmonica no crescer do filme),  Jason Robards é o bruto como Cheyenne e Henry Fonda o vilão, como um muito credível Frank. Ao contrário da Trilogia dos Dólares no entanto, em que era o dinheiro o catalisador para a acção e história, aqui a personagem de Harmonica é movida pela vingança em relação a Frank

Obra prima do género e um dos meus filmes favoritos de todos os tempos, encontro milhentas qualidades neste filme que foi filmado em inverso sobre a banda sonora de Morricone: as faixas eram postas a tocar em set e os actores movimentavam-se de acordo com a cadência sonora. Obra magistral, é uma ópera da morte no Oeste selvagem - foi filmada ainda no Sul de Espanha e de Itália como é apanágio do género (aproveitando ainda uma construção que tinha sobrado de um filme de Orson Welles), mas os interiores foram filmados em Roma na Cinecittá e algumas tiradas exteriores já nos Estados Unidos, em pleno Monument Valley. 

Além de Leone a história (de que depois foi adaptado o guião) foi escrita também por (vejam isto), por Dario Argento e Bertolucci! A lentidão forçada da câmara de Leone, os close ups nas cenas de tiroteio e os longos silêncios intercalados por som ambiente dão ao filme um ritmo perfeito em que o mais marcante não é o que acontece, mas o que se adivinha como eminente. É um verdadeiro monumento ao Oeste americano, ao empreendedorismo dos colonos e ao avanço do cavalo de ferro pelas pradarias, forjado a sangue e a balas.

Falta referir a escola que este filme fez - com inúmeras referências e homenagens. Clint Eastwood realizaria e protagonizaria o The Outlaw Josey Whales (1976) e mais tarde o multi-premiado Unforgiven (1992). Robert Rodriguez faria a sua trilogia do El Mariachi, Desperado e Once Upon a Time in Mexico, Tarantino é devedor de Leone na saga Kill Bill e os Coen fariam o No Country For Old Men.

Visto aqui e ali.

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Um comentário:

Si disse...

Mt interessante que as cenas tenham sido filmadas ao som/ritmo da banda sonora! Acho a ideia um bocado cómica :) :)