Depois de ler o livro de Stieg Larsson - o primeiro da série Millennium com o nome de Os Homens que Odeiam as Mulheres, traduzido para inglês com o título The Girl with the Dragon Tattoo, vi agora o filme sueco-dinamarquês que é a primeira das adaptações ainda escandinavas. Nunca esperei vir a dizer que anseio pelas versões americanas e que sairão algures durante o próximo ano, para que se apague da minha memória esta péssima adaptação que vi ontem.
Além de centrar toda a história em torno de Lisbeth Salander - a tal da tatuagem com o dragão, aproximando-se aqui do Red Dragon - a história perde-se em infinitos detalhes que a deixam a perder em relação ao livro. É certo que seria tarefa complicada transportar para o cinema uma obra de 500 e tal páginas e tão densa em personagens, genealogias e acontecimentos. Mas poderiam ter feito muito melhor, até porque lhe aponto dois grandes e graves erros:
1 - o filme foi feito para quem tenha lido o livro - fãs, portanto - mas apaga-lhe características importantes que - ironicamente - fizeram com que o livro fosse o sucesso que fosse. Assim nenhum fã ficará satisfeito e quem veja o filme sem ter lido o livro terá que recorrer a este para preencher os muitos buracos da história.
2- o guião é ele todo um grande erro! Aponto-lhe milhentas falhas que fazem perder o filme em relação ao livro. E se é certo que um filme nunca poderá chegar à densidade que um livro oferece, este poderia e deveria ter ido mais além na construção do livro de Larsson e na sua muito esperada passagem para o cinema. Além do notório erro de casting na selecção da actriz para Lisbeth (eu vejo-a como a Nikita de Besson e como tal seria perfeita - misto de adolescente púbere e femme fatale, tal como no livro) outros erros saltam à vista, como geográficos (a ilha que funciona no esquema de sala fechada como nos clássicos da literatura policial) e que aqui não é assim mostrada, as relações de Michael que são importantes para o fluir da história e para os avanços das suas descobertas (e que no filme desapareceram) e muitos outros (como o polícia estar ainda no activo, as imprecisões de nomes e passados, o revelar tardio da morte de Gottfried, a morte precoce de Anita, etc).
Este filme é um rotundo falhanço e uma péssima homenagem ao livro. Venham os americanos, por favor!
Visto por LX - Flores Sessions
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4 comentários:
Antes de mais devo dizer que nunca li nenhum livro da saga Millenium e apenas a curiosidade me motivou a ir ver o filme um domingo à noite.
Ora, há q dize-lo, o filme não é fácil! A história vai de momentos de arrasto intermináveis para avanços que não se percebe muito bem como aconteceram... Pessoalmente, acho que o que esta película tem de melhor é choque value de certas cenas, destacando-se as protogonizadas por Lisbeth e o seu tutor no quarto de hotel...Dito isto, estou ansiosa pela versão norte americana, mais não seja, para as poder comparar.
concordo em absoluto contigo - é um filme feito para fãs da trilogia. a ligação entre diversos momentos do filme é trapalhona. e as cenas que falas com o tutor são um primor de complexidade psicológica no livro. um momento de terror avassalador.
lê. vais adorar.
não li nenhum dos livros e já vi os dois primeiros filmes da saga.
o homens que odeiam mulheres é fabuloso. é um filme espectacular, ao nível de se7en. o filme aguenta-se muito bem, e as coisas que ficam mal explicadas do passado de lisbeth é mesmo para ficarem assim, resulta bem que a pequena continue misteriosa.
diz que o jornalista tem mais ideias no livro que no filme, mas é para o lado que melhor durmo. como realização, fotografia e interpretações, o filme está perfeito. cria ambiente, avança lentamente, choca e sensibiliza.
agora, se achaste isso do 1º da saga, não queiras ver o 2º. esse, sim, tem todos os defeitos do mundo.
Rafa, agora que já saiu a versão americana, será que manténs a mesma opinião?
Só vi a versão sueca (o 1º e o 2º, falta-me o 3º) e gostei muito! Mas não li o livro, por isso não tenho termo de comparação.
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