1 de fev. de 2009

RELIGULOUS



Michael Moore é reduzido a um mero beliscão superficialmente incomodativo, a um pequeno toque inconsequente para a epiderme quando comparado com este Bill Maher, um caústico stand upper americano. E o seu material documental torna-se um mero aperitivo sensacionalista quando posto a par com este documento frontal e libertário. Imagino que tenha sido de muito difícil digestão para um país espiritualmente ataviado e fanático como os US (adianta dizer que a apresentação foi em Toronto).

A aproximação aos dogmas religiosos é a mesma que regeu Zeitgeist no primeiro dos seus três segmentos, mas este debate-se na composição e diversidade religiosa americana, desconstruindo a fé e crenças das principais confissões monoteístas em presença no país, atirando sobre crentes e sacerdotes em entrevista directa, com impertinente ironia e incredulidade perante o ditado sobre os livros sagrados e a sua aplicabilidade literal à idade contemporânea.

Religious + ridiculous pretende desmontar a cega obediência aos dogmas cristãos que a serem considerados, devem permanecer a um plano espiritual e não social ou político, que é o que se verifica em todo o mundo e não só nos EUA. Diziam-me que 90% das guerras são ou foram motivadas por motivos religiosos e esse é um número em que acredito, até que por defeito.

O filme é essencial e torna-se hilariante pela quantidade de loucas personagens que vão surgindo (o imbecil senador fanático religioso, o rabi ambivalente ultra-ortodoxo que não se cala, os mórmons hostis, o líder muçulmano irredutível, o pregador e fiéis do templo dos camionistas, o parque de diversões que revive a história de Cristo e a sua assistência deslumbrada, o cristo actor em excesso de entusiasmo, o pastor hipócrita que exibe com orgulho as suas jóias, o apóstolo que se intitula Cristo renascido, o pastor que se apregoa ex-homossexual (!!!) e que prega ostensivamente contra os gays, o judeu inventor das soluções tecnológicas para contornar os jejuns, o suposto cientista que criou e apresenta um museu que conjuga a teoria da evolução e o relato bíblico e muitas outras caricaturas).


Este documentário é um alerta e pretende alterar mentalidades por meio da crítica e autoconsciência. Tanto é que me encontrei a investigar as variações religiosas existentes e encontrei os pacíficos Quakers, os obsoletos Amish, os divertidos Shakers e essa seita assustadora da A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (mórmons). Essencial.

Curiosidade é que o director deste, Larry Charles foi o mesmo que fez Borat.

Visto nas Vasco Sessions . former MAL HQ

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