14 de mar. de 2009

SITA SINGS THE BLUES



Sita sings the blues é apresentado como a maior história sobre uma separação jamais contada e partiu precisamente dessa premissa por parte da autora - Nina Paley, uma reconhecidíssima desenhadora americana, que após ter levado tampa do companheiro por mail enquanto este estava em trabalho na Índia e fruto da sua dificuldade em lidar com o sucedido e muito menos comunicado assim, daquela maneira crua - decide embarcar neste projecto durante cinco anos.

Paley fez tudo neste filme cedendo apenas na parte musical em que colaborou, escrevendo, investigando, produzindo, realizando e editando esta fantástica peça de animação que ganhou um prémio na Berlinale.

História pessoal animada, é fascinante como se enquandram os diferentes planos da história consoante seja o plano contemporâneo do afastamento e separação de Nina do marido, a narração e explicação do Ramayana (epopeia clássica indiana que retrata a história de Sita e do seu esposo, o príncipe divino Rama e em que Paley vê semelhanças com o seu próprio trajecto), passagens cantadas do Ramayana e trechos do Ramayana. Estes diferentes planos dos filmes sucedem-se em cadência regular e são trabalhados por diferentes técnicas de animação - não causando no entanto irregularidade na história mas marcando os diferentes momentos e contribuindo para a sua compreensão.


É notável o trabalho de investigação de Paley e a ligação do seu desastre amoroso com o mito hindu demonstra além de um saborosa ironia - pois o seu mais que tudo abandonou-a por um trabalho na Índia, também uma trabalhada e calibrada recuperação.

O resultado é muito atraente e se por vezes o ritmo se perde nas sequências cantadas e se a animação não surpreende nem inova, o espectador é compensado pela veia humorística da autora e da sua extraordinária capacidade de rir de si e de se renovar. Recomendo vivamente.


Curiosidades :

1) O filme foi apresentado pela própria em Viena uma semana depois de eu lá ter estado, no Festival Tricky Women - no qual foram distribuídos gratuitamente DVD.
2)
Este filme foi elogiado pela Andrea sem sabermos que umas semanas depois ele seria mostrado em Lisboa durante a Competição de Longas na Monstra e que eu o veria.
3)
No site promocional do filme está disponível o filme para download.
4)
A realizadora não vendeu nenhuma cópia do filme - o lucro é garantido por outras vias.
5)
O filme na Monstra foi apresentado por Nik Phelps, colaborador na BSO.

Senti o quase dever de ir pesquisar sobre Nina Paley e o seu trabalho, sobre o Ramayana e sobre Sita, sobre Lanka e sobretudo sobre a apaixonante e mítica Rama's Bridge.

Visto durante o Festival Monstra em LX - São Jorge em companhia do MAL e Ed. Condorcet, realizador coimbrão.

Links |

www.sitasingstheblues.com

www.ninapaley.com

www.monstrafestival.com

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