23 de fev. de 2010

DUNE


















David Lynch surgiu de para-quedas num projecto que andou saltitão de produtor em produtor e de realizador em realizador. Já antes tinha sido alinhado Ridley Scott para passar a saga de Dune (começada a publicar por Frank Herbert em 1965) para o cinema. Ridley Scott deixou o projecto – para realizar o Blade Runner – por antever trabalhos de pré-produção ciclópicos na esteira do que já tinha sido tentado por Alejandro Jodorowsky (Holy Mountain) num filme que teria sido megalómano. Este não-filme juntou HR Giger (que desenhou as famosas cadeiras Harkonnen para este projecto), Moebius, Dan O' Bannon (argumentista de Alien, que seria dirigido por Ridley Scott), David Carradine e Salvador Dali.

Este filme de Lynch acompanhou-me desde sempre – faço uma compilação agora sobre o tema para um artigo e acabo por descobrir diversas derivações ao livro de Herbert. Este Dune (1984) é de todos o que é menos fiel ao livro e foi por isso rechaçado por críticos e fãs. O que teria sido entendido como a primeira de uma saga com várias sequelas acabou por se ficar por apenas este título – Lynch ainda trabalhou durante algum tempo numa primeira sequela, mas ficou-se pelo papel.

A liberdade criativa de Lynch surge explícita na reformulação do weirding way e na introdução de alguns elementos novos como os weirding modules – e, apesar desse afastamento, foi este filme que com o tempo se tornou de culto, que democratizou o acesso ao universo Dune e que o expandiu para jogos (Dune, Dune 2, Dune 2000, Emperor of Dune) e séries televisivas (Frank Herbert's Dune e Children of Dune).

O filme é notavelmente atraente e muito bem protagonizado com um elenco que conta com Kyle Mac Lachlan, Patrick Stewart e até Sting. Tudo foi realizado como uma obra de arte numa ópera rock no deserto e o filme é magnífico, com uma atenção de detalhe em todos os aspectos. Os detractores afirmam que esta é uma falhada homenagem aos livros de Herbert – mas além de o ver com uma justa homenagem, vejo-o como uma extraordinária passagem da saga do planeta Arrakis e da spice melange para o grande ecrã. 

Visto desde sempre.  

0000000080

Nenhum comentário: