É a primeira longa do excessivamente homenageado Pedro Costa. É de 1989. Tem excelente trabalho de fotografia vindo da época em que se sabia pintar com a sombra - o director de fotografia é Martin Schafer que, estranhamente, vem na página do imdb dedicada a ele como tendo falecido um ano antes do filme ter sido feito.. bizarro. Enfim. Além da fotografia este filme é lixo. É mau. Tem péssima direcção de actores. Tem enormes erros de casting. Péssimo som. Não linearidade numa história que se pretende contar e não que se tenha assumido como não entendível.
Tem evocações a Bergman - mas fica-se pelo querer, tem referência ao neorealismo italiano (Ettore Scola, bla bla) mas perde-se em pretensiosas interpretações e não chega a lado nenhum. É doloroso ver este filme com o som correndo - mas doloroso numa maneira má, não numa maneira boa como em Cronemberg. Sugiro que se o veja sem som, com o som desligado e apreciar o excelente trabalho artístico que é a fotografia, porque o resto do filme é absolutamente mau! Nem a utilização dos edifícios dos Olivais de Raul Hestnes Ferreira ajudam a compor mais que um péssimo trabalho que foi financiado publicamente e que é elevado aos píncaros dentro da elite intelectual portuguesa. Porquê? Barriguices - umbiguices.
Além da fotografia a única coisa que escapa - faço aqui uma pequena vénia e um apontamento merecido - é a interpretação de Nuno Ferreira no papel de Nino (o do cartaz). É pena que tenha sido o seu único filme, seria certamente melhor actor que muitos dos outros que passearam falta de qualidade neste filme e que vieram a fazer dezenas e dezenas de filmes. Como curiosidade, aparece também Manuel João Vieira no seu primeiro papel em cinema.
Visto em Lx - Flores Cinema
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