31 de jan. de 2010

Energia sem limites


Deepak Chopra apresenta-nos um livro sobre a energia física, intelectual e emocional que existe em cada um de nós. Embora o objectivo principal deste livro seja ajudar pessoas com fadiga crónica, constitui uma fonte de informação sobre muitos aspectos da nossa vida como ser humano, acabando por ajudar também aqueles que não sofrem dessa doença.

O que achei interessante neste livro foi descobrir que existem várias "constituições únicas Mente/Corpo", nomeadamente: Vata, Pitta e Kapha. O livro diz que se conseguirmos identificar "quem somos" (entre os 3 tipos) estaremos a caminho de desvendar a origem dos problemas que afectam o nosso corpo e mente, e consequentemente, de como os poderemos resolver. Esses problemas poderão ser resolvidos (ou atenuados), por exemplo, por uma melhoria da nossa alimentação (a importância de uma boa digestão), pela redução do nosso stress (a importância da meditação) e pela geração da nossa energia (a influência dos ritmos da natureza).
Este livro representa uma outra "abordagem" para o desvendar dos nossos segredos como seres humanos: Porque sou como sou? Porque reajo como reajo?

(Se bem que para mim foi mais fácil identificar os "tipos da constituição Mente/Corpo" de amigos, do que o meu próprio. Ao que parece, faço parte de um caso raro, aquele que é um pouco dos três tipos: tridóshico Vata-Pitta-Kapha. Há quem diga que deve ser o melhor de todos, "aquele que tem o que de melhor existe dos 3 tipos" :P Mas para mim, soa mais a um "Bolas, fiquei na mesma... Agora vou ter de aprender sobre os três tipos e tirar as minhas conclusões. Nem daqui a um ano acabo isto!".)

25 de jan. de 2010

1613


Este livro de Pedro Vasconcelos é o primeiro de uma trilogia ("1613,"1617" e "1621") que nos leva a viajar pela época das colónias portuguesas do Oceano Índico.
D.Manuel Álvares é o soldado encarregado da fortaleza de Solor e que tenta a todo custo evitar que esta seja tomada pelos holandeses. D.Manuel faz de tudo um pouco, entalado entre lutas bélicas e de feitiçaria, desde levar a cabo as diversas ideias que poderão substituir a falta de artilharia, coordenar tudo e ter oportunidade para levar avante o amor pela nativa Nenu.
Com a vitória dos holandeses, D.Manuel viaja até Goa para ser julgado por ter perdido a fortaleza (numa altura em que Portugal é regido pelos espanhóis) e aí tenta, mais uma vez, lutar pela sua "salvação", com a ajuda de frades franciscanos e dominicanos.
Gostei muito de ler este livro porque, além de me levar de volta a Goa, é sempre bom aprender alguns factos históricos lendo um romance.
Outra coisa que gostei (e quero acreditar que tenha sido mesmo assim!) foi aprender que os frades não tentavam só propagar a sua religião, mas também aprender sobre as crenças e costumes dos povos. Aqui vai uma parte que gostei particularmente:
"A Inquisição está cada vez mais assanhada (...). São tão poderosos e tão frágeis ao mesmo tempo... Incapazes de terem a nobreza de espírito para aceitarem a diferença, aceitarem que não existe uma só verdade, que há outras formas de Deus se manifestar."

23 de jan. de 2010

The Office


Depois de algumas tentativas falhadas de ver The Office (eu acabava sempre por adormecer!), no Natal recebi a série completa e finalmente vi todos os episódios deste "mockmentary" (um documentário fingido).
The Office relata o dia-a-dia dum escritório (filial de uma empresa que vende papel) e David Brent (Ricky Gervais) é o chefe que ninguém gostaria de ter, constantemente a criar situações embaraçosas a quem o rodeia (até o espectador se sente embaraçado!) e coloca-se muitas vezes no máximo do rídiculo, mas sempre com a ideia que é o chefe melhor que pode exisitir. Só Gareth (Mackenzie Crook) vê nele um líder e quer a todo o momento estar a par das decisões do chefe. Tim (Martin Freeman) e Dawn (Lucy Davis) são o par romântico que nos faz constantemente "torcer" para que um dia venham a ficar juntos.
Além das séries 1 e 2 (com 6 episódios cada), existe também o "Especial Natal" (2 episódios), que mostra o regresso à empresa, alguns anos mais tarde (não esqueçam que é uma "espécie" de documentário) e mostra as mudanças que ocorreram na vida destas pessoas.
Disse-me o B. que o segundo episódio deste Especial Natal teve uma audiência maior do que o famoso discurso de Natal da Rainha de Inglaterra! :)

22 de jan. de 2010

Razões para reciclar

12 de jan. de 2010

ÁGORA


















 Este foi o filme mais remotamente honesto que me recordo de ter visto sobre a época clássica. Dos que me vou recordando enquanto componho estas linhas não encontro nem um em que o interesse histórico e a curiosidade fílmica não tenham sido ultrapassadas por um gosto demasiado acre a falta de rigor histórico - mas convenhamos, um filme é um produto comercial e alguns dos ingredientes acrescentados e alterado a/em, e citando alguns de memória como exemplo, Gladiator, Cleópatra, Spartacus, só os fizeram ficar mais apetecíveis enquanto produto e portanto, mais apetecíveis para o público.

(...)

Ver restante crítica na Take n22 aqui : www.take.com.pt


Crítica alterada e composta para publicação (aparte primeiro parágrafo todo o restante texto foi refeito na íntegra)

3 de jan. de 2010

A SCANNER DARKLY



















Não sei se deva começar a incluir fichas técnicas nos artigos - se receber três sim, então sim, senão não. Também a inclusão de enlaces (uma das palavras que temos disponíveis na nossa língua para designar links) é uma trabalheira. Não sei se os inclua, esse copipastear em arroto de teclas é um conturbado cansaço para mim. Enfim, filmes.

Uma colisão entre alguns poucos filmes de que me vou recordando é o que me ocorre, agora que evoco este filme de Richard Linklater e também enquanto vou formando linhas que se espremem do meu pensamento. Um pouco de Traffic - um travo a Naked Lunch (tanto filme como livro, leiam e vejam mas protejam-se bem) e ainda Rush a saltitar num filme adaptado dum livro de Philip K.Dick. Esse mesmo, o do magistral Blade Runner e do mais recente RM. A droga e a possibilidade de demência por ela induzida lado a lado, a luta constante e a assumpção da batalha perdida por parte de quem a combate diariamente e finalmente - o polícia, que se infiltra no submundo para que o contamine por dentro e por ele acaba contaminado.

Além de ser uma boa história habilmente contada por Linklater - terei que ler ainda o livro - este optou também e à maneira de Waking Life, por usar a técnica do Rotoscoping (desenho sobre acção real filmada). Se no Waking Life a técnica resulta necessariamente pela beleza estética e curiosidade técnica que se procurava, aqui acaba por ser uma nova camada de irrealidade a juntar à já bastante abstracta visão do mundo da personagem central - simultaneamente polícia infiltrado, traficante vigiado, terrorista acusado, vigilante dele próprio enquanto polícia e viciado na fictícia substância D.

Se a descrição não passa uma ideia de que é suficientemente confuso, o filme pode ser mesmo mais do que ligeiramente perturbador. 

Visionado nas Flores Sessions - Lx

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EAT DRINK MAN WOMAN



















Magnífico filme de Ang Lee - um dos três da sua fase de Taiwan, antes da aclamação com Brokeback Mountain, e que o  revelou um realizador detentor duma irregularidade bastante curiosa, no meu entender.

A sequência inicial em que o protagonista prepara o jantar de Domingo é encantatória - Chu esmera-se na cozinha pois é a forma que tem de comunicar com as suas três filhas, e é pelo detalhe da confecção, pelo esmero que tem na cuidada mistura dos ingredientes e na obtenção do sabor perfeito dos seus elaborados cozinhados tradicionais chineses que ele (mestre cozinheiro semi-aposentado) lhes tenta chegar.

Os jantares de Domingo são um ritual a que as filhas tentam silenciosamente escapar - ele, viúvo e com o seu mais necessário sentido desaparecendo, o paladar. Elas, três irmãs tão diferentes entre si no que fazem em vida mas tão idênticas no que buscam - o amor. O pai lentamente se vai aproximando delas à força de garfadas de vida enquanto que para cada uma delas a composição do prato do amor se prepara com resultados bem distintos, ora em excesso de tempero, ora em perfeição para o palato, ora agridoce ou insonso e talvez ainda bem amargo.

Os filmes que nos conquistam pela boca, os filmes que no enchem os olhos, os filmes que vivem de afeições de sabores, de cozinha, de tachos e panelas e dedicações às papilas gustativas. Lembrei-me agora assim de repente de Chocolate e do Como Água para Chocolate, filmes desde livros onde é o paladar (e o olfacto e a visão e até o tacto - que os sentidos dançam todos em proveito do estômago) o centro do prazer. Ou ainda, lembrei-me agora, do truculento O Cozinheiro, o Ladrão, a Sua Mulher e o Amante Desta. A vida é um prato - há que a saborear demorada e prontamente. Ou engasgarmo-nos no processo.

Visto na Flores Sessions , Lx

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