31 de mar. de 2008

Aquele abraço!

Não precisei de legendas para ver/ouvir uma das lendas da Tropicália e da Bossa Nova.
Foi com grande prazer que vi ao vivo o Ministro da Cultura mais badalado do Brasil. :)

Perdoem-me o atrevimento de voltar a escapar ao assunto central deste blog, mas não podia deixar de partilhar convosco que o Gilberto Gil veio (-me) visitar (a) Newcastle e que é um músico 5 estrelas. ;) O filho dele também o acompanhou em palco e segue-lhe bem as pisadas.
Só tive pena que não tenha cantado o "Sítio do Pica-Pau Amarelo"...
Mesmo assim, Gilberto: Aquele abraço!

30 de mar. de 2008

Mondovino

É um documentário sobre o mundo do vinho - os críticos, os escritores, os pequenos produtores que lutam por manter as suas pequenas áreas de vinha longe das mãos dos produtores globais e globalizados, os enólogos, os distribuidores. Mesmo para quem não gosta de vinho ou não trabalha na área do vinho, não deixa de ser bastante interessante o olho que o realizador tem para que no mesmo instante em que filma uma pessoa que está em grande plano a falar e se vai mantendo em conversa com ela, capta uma outra pessoa ou situação que contraria aquilo que a primeira está a dizer. É um realizador polivalente (realizador, argumentista, entrevistador, editor) e poliglota (fala português, inglês, francês, espanhol, ...)

27 de mar. de 2008

Favela Rising


Favela Rising é um documentário sobre a favela Vigário Geral, no Rio de Janeiro.
O assunto não é muito diferente do filme Cidade de Deus, mas aqui as cenas são reais!
É impressionante ver o que se passa na favela.
É impressionante ver como aquela gente quer que tudo aquilo mude!
É impressionante ver o movimento que o Anderson Sa inicia com os companheiros.
Fiquei assim a saber da existência do grupo Afro-reggae e do excelente trabalho que tem feito junto das crianças e jovens de várias favelas.


Há uma música brasileira que às vezes cantarolo.
O refrão diz: "A favela é um problema nacional".
Eu acho é que a favela é um problema internacional!

26 de mar. de 2008


Ao ouvir hoje a Antena 3, fiquei com o bichinho para ver este documentário. Ainda não o vi. Não tenho opinião para dar. Apenas uma recomendação intuitiva que me diz que valerá a pena. Vejam Earthlings (Os Terráqueos) em http://video.google.com/videoplay?docid=-1717800235769991478. É sobre a sobre-dependência dos humanos relativamente aos animais: comemo-los (um dia liberto-me desse peso totalmente!), domesticamo-los (oh o meu Messias), vestimo-los, usamo-los como alvo de investigação científica e entretenimento.

Lendas e Legendas escritas em que Língua Portuguesa?

Recebi, por mail, um texto que gostei muito de ler (de um escritor que muito aprecio). Vem a caso do burburinho do acordo ortográfico e faz-me pensar em que Língua estas lendas e legendas se passarão a escrever...
Aqui fica então:

Perguntas à Língua Portuguesa
Mia Couto
Venho brincar aqui no Português, a língua. Não aquela que outros embandeiram. Mas a língua nossa, essa que dá gosto a gente namorar e que nos faz a nós, moçambicanos, ficarmos mais Moçambique. Que outros pretendam cavalgar o assunto para fins de cadeira e poleiro pouco me acarreta.
A língua que eu quero é essa que perde função e se torna carícia. O que me apronta é o simples gosto da palavra, o mesmo que a asa sente aquando o voo. Meu desejo é desalisar a linguagem, colocando nela as quantas dimensões da Vida. E quantas são? Se a Vida tem é idimensões? Assim, embarco nesse gozo de ver como escrita e o mundo mutuamente se desobedecem. Meu anjo-da-guarda, felizmente, nunca me guardou.
Uns nos acalentam: que nós estamos a sustentar maiores territórios da lusofonia. Nós estamos simplesmente ocupados a sermos. Outros nos acusam: nós estamos a desgastar a língua. Nos falta domínio, carecemos de técnica. Ora qual é a nossa elegância? Nenhuma, excepto a de irmos ajeitando o pé a um novo chão. Ou estaremos convidando o chão ao molde do pé? Questões que dariam para muita conferência, papelosas comunicações. Mas nós, aqui na mais meridional esquina do Sul, estamos exercendo é a ciência de sobreviver. Nós estamos deitando molho sobre pouca farinha a ver se o milagre dos pães se repete na periferia do mundo, neste sulbúrbio.
No enquanto, defendemos o direito de não saber, o gosto de saborear ignorâncias. Entretanto, vamos criando uma língua apta para o futuro, veloz como a palmeira, que dança todas as brisas sem deslocar seu chão. Língua artesanal, plástica, fugidia a gramáticas.
Esta obra de reinvenção não é operação exclusiva dos escritores e linguistas. Recriamos a língua na medida em que somos capazes de produzir um pensamento novo, um pensamento nosso. O idioma, afinal, o que é senão o ovo das galinhas de ouro?
Estamos, sim, amando o indomesticável, aderindo ao invisível, procurando os outros tempos deste tempo. Precisamos, sim, de senso incomum. Pois, das leis da língua, alguém sabe as certezas delas? Ponho as minhas irreticências. Veja-se, num sumário exemplo, perguntas que se podem colocar à língua:
Se pode dizer de um careca que tenha couro cabeludo?
No caso de alguém dormir com homem de raça branca é então que se aplica a expressão: passar a noite em branco?
• A diferença entre um ás no volante ou um asno volante é apenas de ordem fonética?

• O mato desconhecido é que é o anonimato?
• O pequeno viaduto é um abreviaduto?
• Como é que o mecânico faz amor? Mecanicamente.
• Quem vive numa encruzilhada é um encruzilhéu?
• Se diz do brado de bicho que não dispõe de vértebras: o invertebrado?
• Tristeza do boi vem de ele não se lembrar que bicho foi na última reencarnação. Pois se ele, em anterior vida, beneficiou de chifre o que está ocorrendo não é uma reencornação?
• O elefante que nunca viu mar, sempre vivendo no rio: devia ter marfim ou riofim?
• Onde se esgotou a água se deve dizer: "aquabou"?
• Não tendo sucedido em Maio mas em Março o que ele teve foi um desmaio ou um desmarço?
• Quando a paisagem é de admirar constrói-se um admiradouro?
• Mulher desdentada pode usar fio dental?
• A cascavel a quem saiu a casca fica só uma vel?
• As reservas de dinheiro são sempre finas. Será daí que vem o nome: "finanças"?
• Um tufão pequeno: um tufinho?
• O cavalo duplamente linchado é aquele que relincha?
• Em águas doces alguém se pode salpicar?
• Adulto pratica adultério. E um menor: será que pratica minoritério?
• Um viciado no jogo de bilhar pode contrair bilharziose?
• Um gordo, tipo barril, é um barrilgudo?
• Borboleta que insiste em ser ninfa: é ela a tal ninfomaníaca?
Brincadeiras, brincriações. E é coisa que não se termina. Lembro a camponesa da Zambézia. Eu falo português corta-mato, dizia. Sim, isso que ela fazia é, afinal, trabalho de todos nós. Colocámos essoutro português – o nosso português – na travessia dos matos, fizemos com que ele se descalçasse pelos atalhos da savana.
Nesse caminho lhe fomos somando colorações. Devolvemos cores que dela haviam sido desbotadas – o racionalismo trabalha que nem lixívia. Urge ainda adicionar-lhe músicas e enfeites, somar-lhe o volume da superstição e a graça da dança. É urgente recuperar brilhos antigos. Devolver a estrela ao planeta dormente.

20 de mar. de 2008

Férias de filmes ou filmes de férias?

Ultimamente os meus filmes têm estado de férias, mas as minhas férias quase parecem um filme! (Só me falta atribuir o tipo de filme...)
Semana passada o cenário foi Cambridge e arredores (e foi filme mais tipo comédia-horror-melodramática do que outra coisa...). :S
Este fim de semana (mais longo por estas bandas) o cenário é Dublin (e do filme espera-se uma comédia bem ao jeito luso-espanhol). :)
Para a semana espero voltar aos meus filmes e livros e fazer uma pausa nas férias - mas também não será por muito tempo!! :D
Boa Páscoa e bons filmes!

HAMELIN

de Juan Mayorga

Partilho um outro livro de teatro, revelando revelando-me como verdadeiro apaixonado pelas artes performativas e pela dramaturgia. Apresento Hamelin, de Juan Mayorga, levado à cena em LX PT pelos Artistas Unidos no belíssimo espaço do Convento das Mónicas, à Graça; fruto de uma consistente encenação conjunta num espaço ainda provisório (aparte: espera-se resolução sobre o espaço d' A Capital, Teatro Paulo Claro, para a justa devolução de um espaço teatral ao coração do Bairro Alto e também como prometida sede para diversas companhias de teatro da capital, como os AU, vide polémica no sítio destes).

Sendo um texto de tão específico género literário - um texto de teatro, um texto dramatúrgico - para mim funciona de maneira tão própria, mecânica, quase teatral, porque preciso sempre de assistir ao trabalho materializado antes de me permitir ler o texto em que se baseou. Porque são linhas de trabalho, são linhas de pensamento, é um guia, é um guião, é um texto ainda em construção que se finaliza em palco. Por isso é que é necessário antes de ler qualquer peça exposta em papel, vê-la primeiro representada! Porque então será magnífico porque a cada passagem há uma imagem que se nos aparece, que se relaciona com o que vimos, que nos faz sorrir; seja ao relembrar a expressão daquele actor, a luz a incidir - contrapicada - sobre aqueloutra actriz, ao rever o monólogo cuspido sobre o público, os trejeitos, os jeitos e os gestos em palco, a esquerda alta ocupada e a direita baixa livre, tudo!

Penso e apresento agora Hamelin, que nos perturba com uma história bem actual retratando a pedofilia e contribuindo com outras pequenas tragédias humanas paralelas: Monteiro, um juiz, pai, homem, resoluto em descobrir e condenar os culpados, que em casa é um pai distante e que sente fascínio por Raquel, uma outra mulher na sua vida. Monteiro projecta o seu ainda possível amor de pai sobre a criança que tenta salvar e proteger, o pequeno Zé Maria. Os dramas familiares, os bairros pobres, as extremas condições de vida numa família numerosa sem condições, tudo isto apimenta o cenário de aflição e quase incapacidade de resolução que nos é servido.

Hamelin é todo aquele que manobra como quer sem respeitar nada nem ninguém, atropelando quem quer sem ser desviado desse caminho; somos todos nós também, que seguimos ainda indiferentes perante muita coisa má, sem revolta, sem comentário. Recomendo mas com esta nota importante: vejam primeiro a peça.

nota :: da colecção de Livrinhos de Teatro dos Artistas Unidos X

15 de mar. de 2008

ALIEN VS PREDATOR - REQUIEM



Não que exista uma regra definida que reja a escolha do que leio em livros ou do que vejo em película. Existe um caminho que faço invariavelmente em cinema e em literatura e que segue a doce sugestão de amigo sobre este ou aquele título, e, em gostando, vou puxando tudo o que se relacione com o autor, com o género, com a temática, com a época; com tudo que se assemelhe ainda que palidamente com essa minha nova descoberta.

O mesmo se passou com este filme que surge na sucessão de dois grandes clássicos do cinema scifi : Alien e Predator, sendo a sequela do encontro entre esses dois e servindo como digestivo na ordem de um sexto Alien e de um quarto Predador; logo teria que o ver porque sou um verdadeiro apaixonado dessas sagas e do género!
Mas o digestivo saiu-me indigesto, foi-me servido um filme muito fraco e que deixou bem pálida a qualidade dos filmes anteriores, mesmo que comparando ao desequilibrado A vs P! Em diversos pontos repudio este filme mas vou destacar apenas dois: a extraordinária capacidade para sobreviver do 'único' predador e a péssima escolha de casting!

Não aconselho ninguém a ver, nem mesmo aos adeptos - mas estes imagino que já o terão visto e devem partilhar desta minha insatisfação. Venha um quinto Alien, por favor!

7 de mar. de 2008

ÓPERA DO FALHADO

por JP SIMÕES

Enquanto deambulava pelas livrarias do Chiado quase desesperado em demanda do 'Teatro Completo de Sarah Kane' deparo com este belíssimo projecto de JP Simões, estrangulado numa qualquer secção de teatro entre obras e peças de muitos nomes maiores da dramaturgia. Estupefacto, tomei-o para mim pois era este JP, o mesmo JP (esse fantástico músico que já conhecia e que até já vi por diversas vezes, integrante maior de formações de Coimbra como os Belle Chase Hotel e os Quinteto Tati e que agora segue a solo com o belíssimo 1970), que se me apresentava em livro, em texto, em peça, em ópera!!

Logo do prefácio se solta a inspiração em outras ballad operas como a The Beggars Opera (1728) de John Gay, a Ópera dos Três Vinténs (1928) de Weill / Brecht e da Ópera do Malandro (1978), de Chico Buarque de Holanda; sendo a primeira a primeira de todas e estas últimas as maiores referências para este trabalho de JP.

Ópera do Falhado é sobre nós, é sobre todos nós e sobre nós neste canto de terras e serras, mas o título não se revela assim tão imediatamente como esta associação poderia fazer entender - terá mais a ver com o nosso continuado conformismo do que com um falhanço generalizado, endémico; se bem que um origina o outro e aquele não consegue que o sucesso sobrevenha sobre este. Somos aqui revelados e expostos, crus, maus, agressivos, protagonistas de sebastianismos, de cabotismos, de salazarismos e outros mutilantes ismos nossos; somos mordazmente atacados em sarcasmo quase de revista, nada encapotado, servido a quente directamente pela garganta da crítica.

Poderemos reconhecer muitas das personagens como nós, como o outro, como o ditador caído ou como o rei em pretensão de nada ou de trono perdido, o fadista, o dono de café, a mulher tirana... estão todas tão bem vincadas e em gestos reveladas, que as revemos como gente do nosso quotidiano - ou até mesmo possivelmente - em nós próprios.


É de ler por duas razões maiores aliadas ao delicioso prazer da leitura : descobrir a interessante faceta dramatúrgica de JP e para aceitar ainda melhor todas as críticas possíveis e todos os erros existentes que já sabemos existirem, encaixá-los e, então, arre! ultrapassá-los!

Leiam esta excelente recensão

1) de música : procurem também Azembla's Quartet e Sean Riley and The Slowriders (tudo bandas coimbrãs)
2) de ópera similar : ouçam a Ópera do Malandro, de Chico Buarque - eu tenho :)

5 de mar. de 2008

Checkpoint Charlie and the Wall


A visita a Berlim foi o momento galvanizador para ler este livro que o meu pai me havia oferecido há alguns meses. É um livro com bastantes fotos, ainda que a preto e branco, e por isso muito elucidativo para quem possa pensar que isto do Muro de Berlim era apenas um muro. Para que não esqueçamos, aqui vos deixo alguns números:
- O muro de Berlim tinha 155Km - 107Km eram de pedra, os restantes de arame farpado
- De 1949 a 1961 (ano de construção do muro), 2.689.922 pessoas sairam da parte Oriental em direcção à Ocidental. Estes números representavam um fracasso da ideologia comunista. O muro nasce para impedir o prolongamento desta «fuga» de pessoas.
- A Alemanha Federal (nas mãos dos Aliados) começou a pagar pela liberdade dos presos políticos: entre 40.000 a 100.000 marcos. Por outro lado, quem entregasse aqueles que tentavam fugir para Oeste, podia receber bónus de 150 a 1000 marcos.
- Havia 1000 cães ao longo do muro presos a um cabo, podendo andar ao longo de 100 metros!
- As torres de vigia eram 655.
- Havia armas automáticas (SM-70), que disparavam a qualquer distúrbio ao longo do muro, e cuja existência a Alemanha Democática sempre recusou admitir. As armas foram desmontadas em 1984 graças ao pagamento de milhões de marcos pela Alemanha Federal.
- No início das tentativas de fuga, os guardas atiravam a matar e há registos (e fotos) de pessoas mortas no local. Apercebendo-se da má imagem que isso lhes trazia, as pessoas começaram a ser capturadas e levadas para... local incerto.
- Os relatos de fugas subterrâneas, aéreas, etc., são muitas vezes do mais criativo e surreal...

Ainda hoje Berlim vive esta divisão. O lado Oriental acusa o Ocidental de prepotência; o Ocidente acusa o Oriental de serem mal agradecidos por os terem salvo da repressão. Há discussões sobre construções de memoriais, por exemplo. Um dos memoriais gerou imensa polémica porque a empresa que poliu as pedras do dito foi a MESMA que forneceu o Zyklon B para as câmaras de gás!

3 de mar. de 2008

ESTE PAÍS NÃO É PARA VELHOS

NO COUNTRY FOR OLD MEN na sua versão original, é a última longa dos meus muito amados irmãos Coen, Ethan e Joel, que aqui também partilham a realização (este par forma uma dupla soberba do cinema contemporâneo, alguns dos seus filmes são absolutamente geniais, como Fargo, O Brother Where Art Thou, The Man Who Wasn't There, The Big Lebowski, Barton Fink...) e se bem que tenha achado o filme muito bom, fica aquém dos que acima referi e sugere-me que a multi premiação Óscares/Golden Globes seja já um muito bem merecido presente de (meio de) carreira para esta dupla irmã.

Já o Javier Bardem é extraodinário na sua interpretação de Anton Chirguh (habitou-me a isso como Reinaldo Arenas no Before Night Falls do Julian Schnabel e como Ramón Sampedro em Mar Adentro de Amenábar).

A história é muito simples e demasiado sangrenta - calculo que quem se tenha impressionado com Sweeney Todd e tenha enfim tentado rir com essa ópera de lâminas, não resistirá de desviar o olhar das muitas cenas deste filme. É tudo demasiado intricado e muitas questões se me colocaram que me obrigam a voltar a vê-lo - e com todo o gosto será, certamente!

O espantoso silêncio do início recorda-me Sergio Leone e vejo ainda muitas referências a Fargo e também a Tarantino ao longo do filme e a BS indica-me um western, um western actual. E é mesmo isso, é isto, é uma história de bons, de bons que se tornam gradualmente maus e de tipos realmente muito maus gravitando em volta de um tesouro em notas roubadas de um negócio de droga que correu mal.

O fim explica, pela boca da personagem de Tommy Lee Jones, o porquê do título, pois todos os bons expiraram e O vilão conseguiu escapar, ainda que não incólume. Aconselho o filme a quem gosta dos Coen Brothers e quem aprecia um bom western, mesmo que transposto para a nossa (quase) época e deixo esta pergunta a que depois juntarei a minha própria interpretação : quem ficou com o dinheiro, Chirguh ou os mexicanos?

Já me sugeri a leitura do livro de onde foi extraído o filme : No Country For Old Men, Cormac McCarthy

Visionado no Cinema Londres, à Avenida de Roma, LX

SARAH KANE :: TEATRO COMPLETO

Recomeço a minha participação (diversos problemas pessoais castradores adiaram-me) com uma colectânea difícil - talvez se tenha tornado ainda mais difícil a leitura pelo momento estranho em que vogava até há uma semana atrás e que o livro acompanhou, suavemente, não alimentando o meu mal estar, mas acrescendo imagens e imagens à minha percepção de decadência do ser humano.

Falo de Teatro Completo de Sarah Kane, edição disponível em português pela Campo de Letras dentro da colecção Campo do Teatro, n11, com tradução de Pedro Marques e que inclui as peças BLASTED, PHAEDRA'S LOVE, CLEANSED, CRAVE e 4:48 PSYCHOSIS, respectivamente Ruínas, Amor de Fedra, Purificados, Falta e 4:48 Psicose.

A obra desta dramaturga e encenadora inglesa é demasiado intensa para que ao lê-la não se pressinta algo de mau espreitando dentro de nós ou vindo do outro, é demasiado vísceral, truculenta, desumana, carnívora da nossa espécie! Deveria ser catalogado, caso existisse uma óbvia catalogação, de obra para adultos, não comestível por um qualquer, acessível apenas a não impressionáveis e a capazes de aperceber, na construção do texto de Kane e da desconstrução mental que se lhe segue bem de perto, da réstea de esperança na absolvição e redenção do homem e da mulher.

Centrei-me na peça 4:48 Psychosis que é um contínuo grito de Sarah posta em palco - é ela a personagem e dramaturga, é a ela que vemos, é aqui que ela se revê, nesses momentos íntimos, cheios, vazios, ocos, finais, até a essa última hora, as 4:48 da manhã.

Aconselharia este livro a quem não se importe de levar um soco fortíssimo no estômago e lhe consiga sobrevir! É de ler, no entanto e atentamente. A leitura é diferente porque se trata de uma peça de teatro e é a primeira que aqui se expõe / propõe. Eu por mim também foi a primeira que li sem ter visionado antes a peça - normalmente é um caminho que percorro, após ver a peça e caso esta me tenha marcado, compro o livro.

curiosidades :

1.As peças foram todas postas em cena em portugal pelos Artistas Unidos e encontra-se em produção pelo Estúdio Zero - As Boas Raparigas do Porto o 4:48 psicose.
2.Blasted foi composto ainda quando Kane frequentava o curso de artes em Bristol
3.Crave foi escrito sob o pesudónimo marie kelvedon
4.Kane também escreveu o guião para uma curta, Skin.

enlaces :

artistas unidos
as boas raparigas

Eels e Shrek

Aqui é suposto falar-se de filmes e de livros, mas ocorreu-me que se a música também está presente nos filmes (assim como nos livros!) porque não referi-la também?

Sábado fui ao concerto de Eels.
Do mesmo modo que eu trouxe Gotan Project para a vida do meu rapaz, ele trouxe Eels para a minha.
Gostei imenso do concerto - foi mesmo fantástico!
Antes do concerto passaram um documentário sobre a família Everett. Fiquei a saber bem mais sobre o E (Mark Everett, o cerne da banda).
Acho que este foi o concerto mais intímo que alguma vez assisti (e eu estava na oitava fila!). :-)
Dois homens e vários instrumentos em palco. Uau! Fenomenal!
Tocaram uma música que faz parte da banda sonora do Shrek 2 (há uma outra também no Shrek 3).

O nome da tour é Meet the Eels - cá está, foi mesmo o que me aconteceu!